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domingo, 29 de setembro de 2013
Temporada dura só 4 meses para pelo menos 20% dos profissionais do futebol no país
O ano acabou para o zagueiro Felipe Navarro, 23. E já faz tempo: seis meses.
Sua temporada teve 12 jogos no Campeonato Sul-Mato-Grossense e acabou com a eliminação do Corumbaense, em março.
O defensor não sofreu nenhuma grave lesão nem decidiu dar um tempo na carreira. Apenas não recebeu nenhuma boa oferta para jogar.
É essa a realidade de parte considerável dos profissionais de futebol no país-sede da Copa do Mundo de 2014.
Enquanto os atletas da elite se reúnem para reclamar que disputam partidas em excesso, os outros sofrem com a falta de um calendário que lhes dê emprego e estabilidade durante 12 meses.
O Brasil conta hoje com 14.656 jogadores profissionais com contratos em vigor.
Segundo o departamento de registros da CBF, esse número era de 20% a 30% maior entre janeiro e maio, período dos Estaduais.
Considerando o percentual mais modesto (20%), cerca de 2.900 atletas estavam ligados a clubes no início do ano e hoje não possuem vínculo com nenhuma equipe.
São profissionais como Navarro. Conseguem trabalhar por, no máximo, quatro meses por ano e ficam à espera de um novo janeiro vivendo do cachê que recebem por disputar jogos amadores.
"O Brasil adotou uma forma elitista, que privilegia o Nacional e desvaloriza os Estaduais. Quem não está nas Séries A ou B não consegue jogar o ano inteiro", diz o vice-presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, Alfredo Sampaio.
Os 40 clubes das duas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro são os únicos que possuem calendário oficial de janeiro a dezembro.
A Série C assegura partidas para todos os seus participantes até outubro. E a D, criada em 2009 pela CBF justamente para amenizar esse parco número de jogos, até agosto.
Dos 653 clubes inscritos em torneios profissionais no Brasil em 2013, só 218 (33%) terão jogos oficiais nos dois semestres. Os outros 435 funcionam por quatro meses, no máximo.
Ou até menos. A primeira divisão do Amapá vai de julho a outubro. E não há outro torneio no Estado.
"É impossível fazer futebol assim", reclama o presidente do Ypiranga, vice-campeão estadual, Tupan Duarte.
O cartola conta como se vira para montar um time de curto prazo. "Começamos a contratar os jogadores 15 dias ou um mês antes do campeonato. Fazemos contrato de três meses, que é o mínimo que a legislação permite. Quando acaba, demitimos todo mundo, até a cozinheira."
Duarte diz que mal consegue arcar com os R$ 100 mil de folha de pagamento durante os meses com futebol na ativa. Imagine, então, no resto do ano, quando a fonte de recursos seca...
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